quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


Será possível falar de “gás islâmico”?
O Irão anunciou os seus planos de fornecer gás à Europa, o que pode levar a uma séria concorrência com o trajecto de gás europeu Nabucco e o South Stream russo. Entretanto, como supõem os peritos, é pouco provável que este projecto economicamente vantajoso possa ser realizado por razões políticas.
O Irão, Iraque e Síria assinaram um acordo preliminar sobre a construção de um gasoduto a partir da jazida South Pars, uma das maiores no mundo. Numa declaração oficial destaca-se que a extensão do trajecto será de 5 mil quilómetros e o custo – 10 mil milhões de dólares. Os participantes do projecto consideram como mercado os países europeus, para onde gás iraniano será fornecido através do Líbano e da região do Mediterrâneo.
Teerão não esconde que o novo projecto competirá directamente com o gasoduto Nabucco que pretende construir naquela região um consórcio de companhias europeias. Ressalte-se que a “via islâmica”, diferentemente do gasoduto europeu, terá suficiente gás. Especial atenção que as autoridades iranianas dispensam em relação aos problemas do Nabucco é compreensível – anteriormente, o gás iraniano fora considerado como um dos principais elementos para encher o gasoduto europeu. Mas, pelos vistos, esta variante foi declinada.
Desde o ponto de vista puramente económico, o gás iraniano pode ser mais vantajoso para consumidores europeus em comparação com o gás a ser fornecido pelo South Sream da Rússia ou da Ásia Central. Mas nesta questão, na opinião de peritos, torna-se principal o factor político. Por isso, os analistas duvidam que o projecto possa ser qualificado como um concorrente sério e directo ao South Stream.
Pelos vistos, o destino do projecto anunciado de gasoduto islâmico não dependerá da sua vantagem económica, mas da atitude dos países europeus para com as actuais autoridades do Irão. Levando em consideração este factor, as perspectivas do projecto são iguais de facto ao zero.
Falando puramente no plano económico, o projecto é muito interessante – o volume de gás exportado à Europa pode alcançar 40 mil milhões de metros cúbicos ao ano. Por outro lado, é possível que se junte do projecto o Qatar. Mas para além de todos os riscos político-militares que, com certeza, não irão desaparecer em 2014-2016, quando o gasoduto deve entrar em exploração, é necessário levar em consideração que um dos participantes no projecto é o Irão. É conhecida a atitude dos Estados Unidos para com o Irão e eles têm aliados na Europa – por isso os peritos têm certeza de que não se pode efectuar algo realmente, enquanto existir o actual regime no Irão.

Ultimamente, mudou radicalmente a posição dos europeus em relação ao gás russo. Anteriormente, os representantes da União Europeia falaram muito da necessidade de buscar fontes de “combustível azul” alternativos à Rússia e de desenvolver o sector energético renovável. Agora, porém, ficou esclarecido que as alternativas ao gás russo são caras ou não seguras. A energia eólica ou solar é muito dispendiosa (despesas capitais de obter 1 MWt de energia eólica superam em 2,5-3 vezes as despesas com a produção de energia a partir de gás) e pode competir com a energia de gás só se for apoiada à conta do orçamento estatal. As autoridades da Espanha, França e Alemanha reconheceram recentemente que a energia solar é a mais cara entre as fontes renováveis. Nestes países, já estão a ser diminuídos os subsídios aos produtores de módulos fotoeléctricos e aos operadores de instalações solares, prevendo-se reduzir para eles privilégios fiscais. Neste contexto, não é casual a conclusão de muitos peritos europeus: as companhias do Velho Mundo não têm qualquer alternativa aos fornecimento de gás da Rússia. 

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