quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


South Stream versus Nabucco: por quê perderá Nabucco na concorrência?
A Rússia, como um dos principais fornecedores de gás a mercados mundiais, dá-se conta do perigo que para ela representa a dependência dos regimes políticos instáveis nos países de trânsito e marca por isso novos trajectos que permitiriam diminuir esta dependência sem prejudicar os fornecimentos de gás à UE e a outros mercados internacionais. Por seu lado, o Velho Mundo tenta encontrar vias alternativas, realizando, em particular, o gasoduto Nabucco. Hoje, contudo, este trajecto depara com dois problemas principais ligados à busca de fontes facilmente acessíveis, seguras e grandes de gás necessárias para alcançar potências projectadas num período duradouro e justificar os volumes colossais de investimentos primários para o lançamento de semelhantes projectos. Até hoje, os iniciadores do Nabucco ainda não resolveram estas duas tarefas-chave que pioram as perspectivas sem isso não prometedoras desta ideia entre os investidores.
Os participantes do projecto esperavam que a maior parte de gás chegaria da região do Cáspio. Mas dos países litorais do Cáspio, nomeadamente da Rússia, Azerbaijão, Cazaquistão, Irão, Turquemenistão e Uzbequistão, só os azerbaijanos revelaram por enquanto interesse em relação a este projecto. Os restantes países centroasiáticos com enormes reservas de gás já têm contratos exclusivos com a Gazprom russa, o que exclui a sua possível participação neste projecto, enquanto a Rússia, por razões evidente, não está interessada no Nabucco. Fica apenas o Irão, como única fonte de grandes reservas de gás da região do Cáspio para este projecto, mas, pelas causas já referidas, na opinião de analistas, seria um suicídio económico construir um gasoduto estratégico à Europa com base no gás iraniano.

Por enquanto, a primeira tarefa-chave, a busca de fontes de fornecimentos de gás, não for resolvida, o segundo problema – financiamento do projecto pelos países participantes e investidores privados – também não encontra solução. A situação do financiamento piora também por causa da actual crise financeira global.
Com outras condições iguais, o projecto Nabucco deverá superar um sem-número de problemas e desafios para tentar competir com a Rússia no mercado do gás europeu. Para além disso, mesmo no pior caso hipotético imaginário da solução positiva de todos estes problemas, há grandes receios entre os participantes do projecto de que a sua criatura seja, no melhor caso, não competitiva e, no pior, natimorto face a um projecto mais seguro e potente da Gazprom, o South Stream, que passa através das mesmas regiões geográficas. Primeiro, o projecto russo já está a ser construído, tendo uma potência projectada de até 30 mil milhões de metros cúbicos ao ano, podendo, no caso da necessidade, ser aumentada em mais 15 mil milhões de metros cúbicos para 45 mil milhões. A atracção do South Sream torna-se ainda mais forte devido ao facto de o Nabucco estar na etapa da elaboração, exigir até 8 milhões de euros que devem ser encontrados para a sua realização, não ter quaisquer fontes de gás garantidos para prazos douradores e, finalmente, no caso da sua conclusão bem sucedida, a sua potência não superar 30 mil milhões de metros cúbicos ao ano. Por outras palavras, a concorrência em relação ao South Stream russo é perdida ainda na etapa da planificação do projecto. 

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