quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


Turquia como nova Ucrânia: riscos de trânsito de projectos de transporte de gás do Cáspio através do território turco

A Rússia, como um dos principais fornecedores de gás a mercados mundiais, dá-se conta do perigo que para ela representa a dependência em relação a uma política instável nos países de trânsito. Neste contexto, Moscovo elabora uma série de novos trajectos que poderiam depender esta dependência sem prejudicar os fornecimentos de gás à União Europeia e a outros mercados internacionais. Na Europa, podem ser considerados como semelhantes trajectos os gasodutos Nord Sream, South Stream e Blue Stream. Comentando a estratégia russa de diversificação de trajectos de gás, o chefe do Governo, Vladimir Putin, destacou que a crise do gás com a Ucrânia e as suas consequências para toda a Europa deram um estímulo adicional ao desenvolvimento rápido de outros projectos alternativos de transporte de gás russo na região. “Desde há muito, a Rússia dá-se conta dos problemas que podem surgir por causa dos países de trânsito inseguros, tais como a Ucrânia, e tomou uma decisão de diversificar os fornecimentos dos seus produtos energéticos”. Para tal serão realizados dois projectos – o Nord Stream e o South Stream.
A União Europeia também compreende o problema dos riscos de trânsito. Mas Bruxelas tenta apostar por enquanto no projecto Nabucco, metendo-se deste modo numa armadilha. Até hoje, não é resolvido o problema do trajecto e dos territórios de colocação de tubos do projecto. Por exemplo, no que diz respeito à parte turca do Nabucco. Inicialmente, a direcção do país ligara a participação no projecto à entrada da Turquia na EU, o que desde há muito é um sonho dourado de Ancara. “Não apoiaremos o projecto, se a EU não desbloquear a parte das conversações sobre a entrada do país na EU”, declarou o primeiro-ministro da Turquia. “Se encontrarmos em situação de bloqueamento do capítulo energético, iremos, naturalmente, a nossa posição em relação a este projecto”. Embora neste Verão na Turquia tivessem sido assinados acordos de apoio à construção do Nabucco entre o consórcio responsável pelo projecto e cinco ministérios dos países de trânsito, a situação fica na mesma. Mesmo uma discussão activa dos planos do novo trajecto de gás não é capaz de mudá-la para melhor.
Tanto menos que a União Europeia não pode por enquanto responder a uma pergunta praticamente principal: se poderá o Nabucco encontrar 31 mil milhões de metros cúbicos de gás ao ano? Acontece que para alcançar uma plena potência do gasoduto, serão necessárias outras fontes. O Irão exclui-se por força de sanções políticas por parte dos Estados Unidos. Por isso os accionistas não podem até hoje tomar uma decisão definitiva, não obtendo por enquanto um financiamento do projecto. Apesar do apoio político da União Europeia, a Comissão Europeia concedeu um montante muito insignificante – por volta de 200 milhões de euros. Os bancos europeus prometeram preliminarmente estudar a possibilidade de financiar este trajecto, mas por enquanto ficaram parados nesta etapa. Por outro lado, o Nabucco não tem contratos de venda de gás na Europa, facto que também aumenta riscos.
Entretanto, a Gazprom convenceu companhias europeias a construir o South Stream. A EdF francesa e a BASF alemã receberão 15% cada pela participação no projecto e a ENI italiana – 20 por cento. Para realizar a parte terrestre do projecto, já são assinados acordos intergovernamentais com a Bulgária, Sérvia, Hungria, Grécia, Eslovénia, Croácia e Áustria. Actualmente, está a ser elaborada uma argumentação técnico-económica resumida do South Stream. Isso significa de facto que o projecto Nabucco deixou de ser concorrente do South Stream antes da sua realização que actualmente também está em dúvida. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Portal NewsRussia

Portal NewsRussia
Portal da interação Rússia e os países de língua portuguesa.