quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


Regateio em torno do gás azerbaijano
Os projectos dos gasodutos do sul encontram-se tradicionalmente em foco da atenção da Voz da Rússia, em particular, o chamado regateio em torno do gás azerbaijano. Anteriormente, a república comprava gás à Rússia e apenas há alguns anos começou a exportá-lo. Até recentemente, o maior consumidor de gás azerbaijano foi a Turquia, mas este país está a diminuir o consumo de gás. É necessário reconhecer que o Azerbaijão não sabia como dispor dos seus recursos deste combustível. Por isso, os 2 mil milhões de metros cúbicos que a Rússia está disposta a comprar é uma contribuição sensível. O acordo sobre o aumento das compras de gás foi muito oportuno. Lembre-se que o contrato (com a possibilidade da prorrogação) de compra e de venda de gás do Azerbaijão à Rússia foi assinado a 14 de Outubro de 2009. De acordo com um aditamento ao documento, assinado no início de Setembro de 2010 em Baku, em 2011 a Gazprom receberá dois mil milhões de metros cúbicos e em 2012 – mais de dois mil milhões de metros cúbicos de gás.
Gradualmente, o Azerbaijão irá aumentar a extracção de gás, sendo muito importante para o país encontrar um mercado de venda garantido a bons preços. Ao mesmo tempo, não se sabe se for realizado o projecto Nabucco e, se for realizado, não se sabe quando. Portanto, o acordo com a Rússia sobre o aumento das compras de gás é muito vantajoso para o Azerbaijão – não é necessário esperar quaisquer gasodutos e ter dor de cabeça adicional. O acordo não tem um limite superior. Deste modo, a Rússia propõe ao Azerbaijão comprar todos os volumes livres de gás a condições de mercado. O acordo é vantajoso não apenas desde o ponto de vista económico, havendo também um componente político. A parceria económica é um elemento importante das relações bilaterais entre a Rússia e o Azerbaijão. Neste sentido, este acordo é mutuamente vantajoso para alargar a parceria estratégica. Naturalmente, a política sempre está presente nas relações de gás. Contudo, é muito importante que o acordo entre Moscovo e Baku é um passo para despolitizar as relações de gás, como testemunha em entrevista à Voz da Rússia o chefe de sector do Departamento Energético do Instituto de Energia e Finanças, Vitaly Protassov.
O principal país que deveria fornecer gás pelo “corredor sul” é o Azerbaijão com a jazida Chakh-Deniz-2, com a potência de 16 mil milhões de metros cúbicos, que deve entrar em exploração em 2017. Outras fontes possíveis foram referidos o Irão, que é excluído por razões políticas devido às sanções por parte dos Estados Unidos, o Iraque, onde a situação não é simples por força de uma certa ruína que reina no país, assim como devido às necessidades do Iraque em gás natural para satisfazer a sua própria indústria interna. Portanto, não é evidente que o Iraque estará disposto a fornecer os necessários volumes de gás. Foi previsto, em particular, que o Nabucco fornecerá não menos de oito mil milhões de metros cúbicos de gás. Em primeiro lugar é o Turquemenistão, mas surgem novamente os problemas da construção do gasoduto Trans-Cáspio e vários problemas afins. Em menor grau trata-se do Egipto, de fornecimentos de gás pelo gasoduto árabe, que não irão superar mil milhões de metros cúbicos. Sumariamente, estes volumes são pretendidos, no mínimo, por três projectos do “corredor sul” – são o Nabucco, o ITGI e o TAP. Respectivamente, a potência sumária destes projectos ultrapassa consideravelmente as possibilidades das fontes referidas. Por outro lado, a Rússia pretende também a Chakh-Deniz-2. Existe um contrato que prevê a possibilidade de aumentar os fornecimentos de gás azeri à Rússia para três mil milhões de metros cúbicos. O chefe da Gazprom, Alexey Miller, disse que a Rússia está disposta a comprar tanto gás quanto o Azerbaijão pode vender.
Segundo os peritos, as exportações de gás azerbaijano à Rússia são economicamente vantajosas para o Azerbaijão. A Rússia paga 240 dólares por cada mil metros cúbicos, ao mesmo tempo que a Geórgia vizinha paga 170 dólares por volumes análogos e a Turquia, no quadro do antigo acordo, 120 dólares. Um novo acordo com a Turquia ainda não está alcançado. Neste contexto, a Rússia é o cliente mais vantajoso para o Azerbaijão na esfera do gás. Para além disso, como consideram os economistas, as exportações de gás azerbaijano à Rússia têm vantagens geopolíticas. Em termos gerais, sem dúvida, entre Moscovo e Baku há possibilidades de alargar a cooperação no sector do gás. Destaque-se que o actual trajecto de gás entre os dois países é capaz de triplicar os volumes de gás exportado à Rússia. Por outro lado, crescem volumes de extracção de gás no Azerbaijão. No ano passado, o Azerbaijão extraiu 29 mil milhões de metros cúbicos de gás. No ano em curso, segundo os prognósticos, este índice crescerá em mais 2 mil milhões de metros cúbicos. A extracção continuará a crescer. Portanto, o Azerbaijão necessita novos mercados. Neste contexto, a cooperação é vantajosa para os dois países. É muito provável que os volumes de gás azerbaijano exportado à Rússia aumentem para 3 mil milhões de metros cúbicos nos próximos tempos.
O desenvolvimento das relações russo-azerbaijanas encerra de facto a realização do projecto Nabucco, porque sem Baku fica pendente o problema-chave – a base de recursos. O Azerbaijão, inicialmente anunciado como fornecedor inicial, não confirma por enquanto a sua participação no projecto. O Comissário Europeu para a Energia, Gunter Ottinger, executou conversações com os colegas azerbaijanos, mas, em resultado, as partes adiaram a solução do problema. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Portal NewsRussia

Portal NewsRussia
Portal da interação Rússia e os países de língua portuguesa.